sábado, 6 de fevereiro de 2010

Como me tornei vizinha de Wagner e Rodin






Estava trabalhando em Paris, fazendo "jeune fille au pair", que é um trabalho comum pra estudantes porque dá pra estudar e trabalhar ao mesmo tempo. A gente busca a criança na escola às 4 da tarde e fica até lá pelas 8, quando os pais chegam. Ganha-se um salário pequeno, casa, rango e condução. Pra estudante é uma mão-na-roda.

Mas a grana era pouca e eu procurava outra coisa. Nessa época, éramos eu e um amigo procurando trabalho.

Todo dia saíamos cedo, a gente passava na Igreja Americana, no Centro de Estudantes ao lado da Torre, e mais uns dois lugares que não me lembro. Como eu só começava a trabalhar às 4 da tarde, dava tempo pra fazer muita "pesquisa".

Num desses dias, resolvemos dividir : cada um ia prum lado pra não perder tempo. E a gente já tava maceteado, lia duas palavras do anúncio e já via que não rolava. Esses lugares que citei, tem cartazes enormes com oferta e procura de trabalho. Muito bom !

Então, meu amigo viu um anúncio e ligou. Era um casal com um bebê de 4 meses que queria alguém pra se ocupar do embondo.

O senhor foi super simpático com ele, disse que não tinha nada contra, mas preferia uma mulher pra se ocupar do pequeno. No que meu amigo falou: "a casa oferece... rs. tenho uma amiga".

Mais tarde ele me deu o número e foi minha vez de ligar.
Meu francês, nessa época, era bem pequeno e, ao telefone, quase sumia. Com dificuldade, comecei a falar com o futuro patrão e no meio da prosa, pedi pra ele falar mais lentamente porque era brasileira e não falava bem o francês. Aí, ele me disse: "Então vamos falar em português". Alívio total !

Ele tinha morado com a família no Brasil, dos 7 aos 12 anos, tinha sido alfabetizado em português e nunca mais esqueceu.
Marcou um encontro pro sábado às 10 da manhã.

E amanhã continuo a contar como foi o encontro, e como começou essa história de amor que já dura 21 anos.

" Todos os dias é um vai e vem, tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais." Milton Nascimento e Fernando Brant

6 comentários:

  1. Nossa, você é um repostório de casos interessantes, e de uma vida bem interessante também! Parece que você viaja desde que é bebê :)
    Que legal ter conhecido seu blogue, leio sempre.
    um abraço,
    clara

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Clara por visitar o blog. Continue aparecendo. Não some não. Realmente eu passei uma grande parte da minha vida correndo mundo. Ainda corro, mas agora mais tranquila.
    bjins

    ResponderExcluir
  3. Ieda,

    Adoro estas suas historias, tenho aparecido pouco pois é o trabalho, ahahaha e na ecole du louvre esta pegando estes ultimos tempos antes das ferias. Ja estou curioso par la suite.

    Bisousss!

    ResponderExcluir
  4. Amada
    Aciona a tecla sap por mim e me diz que é "embolo"? Num sei nããão...rsrs Amanhã vorto pra pegar a resposta e ler o restim da história. V.V.V.V. rsrs
    Beijuuss n.c.

    www.toforatodentro.blogspot.com

    ResponderExcluir
  5. Regis meu bem, embondo é sinônimo de estorvo, canseira, estrupício, intrave, no interior das Minas Gerais. Vulgarmente chamado "criança" pelo resto do povo...rssssssss.
    bjins

    ResponderExcluir

Se você não tem conta no google, é só clicar em 'anônimo' para enviar seu comentário.

E COMEÇOU O XORÔRÔ.....NUNCA VOU ME ACOSTUMAR!

https://youtube.com/shorts/bM0tqk28xXs?si=qTpqi_0X-IRVitMi Assistam aos dois filminhos. Isso me dá alegria demais!  Vocês não tem ideia! Com...