segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Hoje Favela Chic, ontem, não tão chic assim...









































Conversando com um grande amigo francês, falávamos sobre as favelas brasileiras e ele começou a me contar das favelas parisienses.
Com o término da Segunda Guerra Mundial, as pessoas do campo começaram a vir pra cidade. E, junto com elas, um mundo de imigrantes portugueses (que hoje é a maior imigração na França), espanhóis, árabes... Uma verdadeira invasão.

Como os nossos imigrantes de vários cantos do Brasil, vieram e foram ficando e se acomodando em torno da cidade já que, conseguir trabalho e moradia, não era tão simples como eles imaginavam.

A maioria dos homens, como eram camponeses fortes, faziam o trabalho mais pesado como carregar e descarregar sacos em lojas, padarias e feiras. Muitos se tornaram motoristas de táxi.

Em Paris, onde se encontra hoje La Défense - o centro financeiro, comercial e dos homens de negócio, o Wall Street francês - já foi uma favela. E não tem muito tempo.

Como se pode ver nas fotos que encontrei, ainda nos anos setenta, elas estavam lá.

Foram construindo prédios e mais prédios e eles foram empurrando as pessoas das favelas - que aqui se chama "bidonville" - pra mais longe, pra trás do Grande Arco.

Esse Arco é uma homenagem ao Arco do Triunfo - em versão moderna - e, olhando de frente pra avenida, ao longe, veremos o Arco antigo e, espichando a vista mais e mais, até chegar no Louvre e, mais ainda - agora já de binóculo - até chegar na Praça da Bastille. Tudo uma reta enorme, que muda de nome umas 3 ou 4 vezes.

O centro financeiro começou a ser construído no final da década de 50. E, como o povo começou a ser empurrado, o partido comunista - que tinha uma grande força na época - colocou a boca no trombone; fizeram tanto barulho, que os construtores da época, muito espertinhos e doidinhos pra embolsar mais e mais francos, ouviram e tiveram a brilhante idéia de construir prédios, como os nossos conjuntos habitacionais, e o povo teve onde ir morar com mais conforto e dignidade.

Em 1966, um levantamento social dá os seguinte resultados: "Paris e seus subúrbios - com 119 favelas - inclui cerca de 4.100 famílias compostas de 47.000 pessoas (42% de norte-africanos, 21% portugueses, 6% espanhóis e 20% franceses). Só na favela de Nanterre ( hoje La Défense) 80% da população era francesa."
Só a partir de 1970, o governo realmente começou a tomar providências e elas desapareceram.
Com o tempo, as coisas foram mudando e, hoje, já não é a mesma maravilha de outrora. A turma de primeiros moradores já passou dessa pra uma melhor e, quem foi se apossando, foi transformando esses prédio em verdadeiras favelas verticais. Em sua grande maioria, são habitados por imigrantes, principalmente árabes.


O que esse Blog tem a ver com isso?
Além de ser um assunto que acho curioso, de repente você vem passear por estas bandas e vai passar por lugares, hoje super elegantes, e saberá que, há algum tempo, poderia estar passeando em qualquer Rocinha ou Complexo do Alemão aí no Brasil.

Isso quer dizer que, lugar algum nasceu lindo e rico. Foi às custas de muito trabalho e muita luta. Como no post que falei sobre inundação em Paris. Meu lado cheio de esperança que, felizmente imagino deve morrer junto comigo, sempre pensa que ainda podemos esperar uma vida bem melhor pro nosso povo.

" Conhecer lugares onde se escreveu a história é uma enorme fonte de prazer."

9 comentários:

  1. Ô prestenção: a criança aki vai reclamar mais não ,snifsnifsnif, rsrs
    E mesmo depois da porrrrrrada deixou um presentim procê lá no blog! Merecê, num merece naum, mas fazer o quê? Uma vez muié de malandro....
    Beijuuss n.c.

    www.toforatodentro.blogspot.com

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  2. Â favela é um fenômeno nã apenas sócio-econômico-cultural, mas antropológico. Quase inexplicável,e m sua fenomenologia. O exemplo que voê mostra é mais ilustrativo que nunca, sobre o assunto. E la nave (das transformações) va!!!
    beijinho

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  3. Caríssima, bom dia.
    "Num falei da importança das suas escrevinhadas".
    Onde e quando saberíamos dessas particularidades da sociedade francesa?
    Alguém dirá: a imprensa te informa, mas nestes tempos altamente ideológicos e dependendo da orientação política dessa imprensa, poderíamos ter uma visão distorcida do problema.
    Aqui nas terras das jaboticabas ouvimos falar (e conhecemos) de casos em que o favelado é retirado de seus barracos e instalado em moradias mais decentes e logo após VENDE essa residência mediante um recibo particular, voltando para outra favela a fim de receber novas benesses governamentais.
    E EU FICO PUTO COM ISSO, vez que é o meu dindim(impostos mil) que paga essa farra toda.
    Se houvesse "menas" corrupção e mais vontade política, este problema seria facilmente resolvido, com a perfeita identificação do "premiado", mediante impressões digitais,por exemplo.
    Se o "desifeliz" fosse pego querendo outra moradia, paulada na moleira.
    Veja você, em plenas 10:43 h, com um sol brilhando lá fora, fico sonhando com essa utopia.
    Foi só um desabafo.
    Bjs.

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  4. De vez em quando eu tb. acordo com a macaca Cyrano. Vai indo o saco da gente explode, né não? Pra consolar um pouco e todos vermos que filhos da puta tem pra todo lado, vou postar essa semana, você vai ler sobre a ministra da Saude daqui. O que a danada fez e o povo tá querendo só matar ela um tikim.
    bjins

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  5. Vero Juníssimo, só que, se houver boa intenção verdadeira o problema pode ser bem amenizado, né não?
    bjins

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  6. Ieda,
    Eu não sabia disso, obrigado. Fico pensando como seria a Paris antes do barão de Hassmann, mas nunca tinha pensado sobre isso. Em 1994,a aprimeira vez que fui ai, visitei um desses conjuntos habitacionais, o Tio português de uma amiga morava lá, passei uma tarde mt agradável por lá, mas sei o quanto isto está mudando nos últimos anos.
    A gente sempre fica entre a cruz e a espada: os caras fazem isto, mas fizeram aquilo com eles...
    Beleza, vá nos informado e mandando notícias daí, pois aqui, a velha Sampa continua acabando com a minha paciência!
    Beijos
    Renato
    www.beattheway.blogspot.com

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  7. Muito instrutivo e interessante o seu texto Ieda.
    Não sabia disso. Parabéns e sucesso.
    abs
    Atenir.

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  8. Brigadim Atenir. Vou aproveitar que tô porraqui e continuar contando causus locais.
    bjins e continue prestigiando o blog

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  9. Pois é Renato, é muito fácil dizer pra gente parar de destruir a Amazônia, depois de ter derrubado toda a mata que existia porraqui pra fazer móveis, casas e se aquecer no inverno. Tanto causu pra contar...continue firme aqui que vou continuar minhas pesquisas...rs
    bjins

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